Área de concentração e linhas e projetos de pesquisa
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ENSINO DE FILOSOFIA
LINHAS E PROJETOS DE PESQUISA:
1. FUNDAMENTOS DO ENSINO, CURRÍCULO E POLÍTICAS EDUCACIONAIS
1.1 História da Filosofia: Visões e Revisões
1.2. Formação Docente em Filosofia: Estágio Supervisionado, PIBID, Residência Pedagógica e Atividades de Extensão
1.3. Currículos e Políticas Educacionais
2. PRÁTICAS DE ENSINO DE FILOSOFIA
2.1. Práticas Dialógicas para o Ensino da Filosofia
2.2. Filosofia, Tecnologias, Mídias e Ensino
2.3. Artes e o Ensino de Filosofia
2.4. Leitura, Escrita e Letramento Filosófico
2.5. Ensino de Filosofia, Gênero, Feminismos e Decolonialidade
1. FUNDAMENTOS DO ENSINO, CURRÍCULO E POLÍTICAS EDUCACIONAIS
As pesquisas desenvolvidas neste programa de pós-graduação estão estruturadas em torno de uma determinada intervenção prática, da qual possa resultar processos ou produtos de natureza educacional com potencial de serem implementados em novas situações reais de ensino. A linha “Fundamentos do Ensino, Currículo e Políticas Educacionais” desenvolve pesquisas sobre os aspectos conceituais, curriculares e políticos do ensino de filosofia. Discute as bases filosófico-pedagógicas do ensino filosófico considerando suas dimensões histórica, institucional e social, bem como as bases políticas que fundamentam e orientam as propostas curriculares nacionais e/ou regionais. Contempla estudos sobre: as diferentes concepções de ensino de filosofia, os percursos históricos do ensino filosófico, bases curriculares nacionais e estaduais, as políticas para o ensino e para a formação docente.
PROJETOS:
1.1. História da Filosofia: Visões e Revisões
Este projeto situa-se no campo ao qual se atribuiu a tarefa de circunscrever os sentidos possíveis de “filosofia”. Num passado não muito remoto, seria admitido como filosofia somente aquilo que exibisse algum nexo com a chamada história da filosofia – uma longa e inconclusa série de diálogos reais e/ou virtuais materializada em textos das mais variadas modalidades. Atualmente, nada parece sustentar tamanha expectativa legitimadora conferida à história da filosofia. A emergência das filosofias feministas, africanas, ameríndias e latino-americanas, para dar apenas alguns exemplos, provocaram uma profunda revisão do valor histórico e filosófico daquilo que tradicionalmente foi posto à margem da história da filosofia canônica (eurocêntrica). Neste projeto, pretende-se acolher as diversas perspectivas sobre o lugar da história da filosofia, sejam legitimadoras sejam revisionistas. O que se sustenta é que, independentemente da perspectiva adotada, não se justifica qualquer contraposição entre o ensinar filosofia e a história da filosofia, a não ser que se conceba a história da filosofia como uma erudição vazia, um conhecimento enciclopédico estranho à vida dos estudantes. O objetivo desta pesquisa é, assim, explorar as correlações recíprocas entre a história da filosofia e o ensinar a filosofar, entre o texto filosófico e o seu leitor, tendo em vista um tipo de abordagem da história da filosofia e do texto filosófico que atenda justamente ao propósito de levar ao filosofar e à produção do pensamento autônomo. Serão objeto das pesquisas reunidas sob a égide deste projeto temáticas e autores dos mais diversos períodos da história da filosofia, canônicos ou não, na expectativa de que suas experiências filosóficas particulares se tornem pontos de vista privilegiados para melhor compreender a natureza da filosofia e do seu ensino. Tais temáticas e autores – os novos e os antigos clássicos – podem ocorrer aqui seja como referencial teórico das práticas de intervenção em sala de aula seja como conteúdo propriamente dessas práticas por intermédio da apropriação didática dos seus textos.
1.2. Formação Docente em Filosofia: Estágio Supervisionado, PIBID, Residência Pedagógica e Atividades de Extensão
A formação docente em Filosofia, destacada em suas especificidades, vem ampliando seu horizonte de discussão, incorporando teorias, revisões, críticas e a proposição de soluções e práticas que visem diminuir os impactos da ausência de uma tradição sistemática e de sua respectiva fortuna crítica, haja vista sua ainda curta trajetória enquanto fonte de preocupação e demanda para as políticas públicas. O projeto se propõe a discutir as concepções de formação de professores e suas práticas, investigar, problematizar e pensar a formação do professor de filosofia, uma especificidade diante de tantas formações, a partir do Estágio supervisionado em filosofia e dos programas destinados à formação docente (PIBID e Residência Pedagógica), como espaços privilegiados de investigação de concepções e percepções sobre a filosofia enquanto conteúdo e enquanto ensino; e as atividades de extensão que abrem um campo fértil para o enriquecimento e da diversidade na experiência de formação docente e das interfaces da filosofia com as demais disciplinas e áreas de conhecimento. É importante que os pesquisadores da área reafirmem a indissociabilidade entre teoria e prática, já amplamente expressa em nossos documentos e produções científicas, a fim de esclarecer as frequentes dúvidas sobre as práticas como componentes curriculares e as diversas formas que as instituições têm assimilado e implementado as regulamentações necessárias. A perspectiva da pesquisa é investigar e analisar os impactos que os estágios curriculares, os subprojetos de PIBID e RP e as atividades extensionistas têm representado para os Cursos de Licenciatura em Filosofia e apontar caminhos, construir soluções, elaborar propostas e ampliar o campo de discussão dos temas pertinentes e, dessa forma, contribuir para a formação docente do licenciado em filosofia.
1.3. Currículos e Políticas Educacionais
O campo de pesquisa que tem como escopo central os currículos, a legislação e os documentos que orientam a formação docente na área da educação e, mais especificamente, no ensino de Filosofia, precisam observar que a dimensão do currículo não pode ser pensada tão somente a partir dos documentos oficiais, e sim, em sua construção orgânica e prática, observando com atenção especial a dimensão política dos currículos. Trata-se de uma disputa entre as normas e as formas de vida, entre o que é prescrito e a diversidade das práticas de construção coletiva, entre o que é organização governamental e o que é praticado nas salas de aula, nos corredores, nas reuniões e no encontro efetivo entre todos os atores que dão vida à educação propriamente dita. O currículo é descrito nos documentos na medida em que expressam concepções políticas, programas de governo e perspectivas de mercado de trabalho e, nesse sentido, é, finalmente, expressão de uma ou mais visões de mundo. O projeto se propõe a analisar e discutir as propostas curriculares nacionais e estaduais, nas suas dimensões práticas e teórico-políticas, problematizando e avaliando os impactos das reformas recém implementadas no país e os desdobramentos de leis, resoluções e documentos orientadores para a formação docente, com especial atenção para os impactos dessas mudanças nos cursos de licenciatura em filosofia e na formação continuada dos docentes já inseridos no mercado de trabalho. São objeto de estudo, além disso, a história do ensino de filosofia no Brasil e as tensões políticas que dela decorrem; as mudanças e transformações curriculares, suas dimensões políticas, estruturais, administrativas e éticas e, enfim, os impactos nas condições de trabalho dos docentes e efetivação daquilo que se espera da filosofia atuando neste espaço e no papel da filosofia na formação de alunos da Educação Básica, avaliando a implementação, recepção e os impactos das políticas educacionais implementadas.
2. PRÁTICAS DE ENSINO DE FILOSOFIA
O mestrado profissional caracteriza-se por uma intervenção prática, resultando em processo ou produto de natureza educacional a ser implementado em situações reais de ensino. A linha “Práticas de Ensino de Filosofia” desenvolve a investigação teórico-prática dos problemas vinculados às várias dimensões e conteúdos da prática de ensino da Filosofia na Educação Básica. Estão contempladas nesta linha, os estudos e pesquisas que tratam das metodologias pedagógicas e filosóficas, da avaliação, das tecnologias, das mídias, dos jogos, das artes em todas as suas expressões, dos materiais didáticos, da leitura e escrita filosófica, das experiências e dos experimentos e dos laboratórios filosóficos. Discute as questões que perpassam o cotidiano do ambiente escolar em seus múltiplos desdobramentos internos e externos, no espaço formal e informal de aprendizagem. Considera, também, a relação da prática de ensino com as tradicionais áreas de conhecimento da Filosofia, tais como a Ética, Ontologia, Estética, Filosofia Política, Lógica, Teoria do Conhecimento, Filosofia da Linguagem, da Ciência e da Tecnologia.
PROJETOS:
2.1. Práticas Dialógicas para o Ensino da Filosofia
As práticas dialógicas de ensino pressupõem o encontro de sujeitos que interagem na construção do conhecimento, implicando, portanto, uma relação horizontal e simétrica de criação e troca, que corrobora a elaboração de um pensamento não dogmático e valoriza a diferença e a alteridade. Desse modo, as práticas dialógicas promovem a autonomia do pensamento e da ação dos sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, permitindo a aquisição e a transformação do conhecimento em resposta ao contexto sociocultural desses sujeitos. Entende-se que o ensino de filosofia encontra nessas práticas um meio e um espaço promissor, pois é da natureza da filosofia a dialogicidade, como se pode observar, por exemplo, no modo de filosofar de Sócrates, na hermenêutica filosófica de Gadamer e na reflexão e práxis educativa de Paulo Freire. Portanto, desde ao menos Sócrates, as práticas dialógicas adquiriram o caráter de um método privilegiado de ensinar e aprender o pensamento crítico. Este projeto agrupa pesquisas que visam desenvolver nos estudantes a capacidade de examinar os pressupostos, princípios, raciocínios e evidências, além de considerar as implicações e as consequências e formular e criticar alternativas a quaisquer pontos de vista. Nesse sentido, o projeto objetiva investigar, analisar e produzir as condições de possibilidade do ensino da filosofia por meio do diálogo entre estudantes e professores, observando as situações favoráveis ao diálogo, as regras que devem ser estabelecidas e respeitadas no debate, os critérios do modo dialógico de pensar, as argumentações etc., com o objetivo de desenvolver tanto referenciais metodológicos quanto recursos didáticos voltados à aplicação de práticas dialógicas no ensino de filosofia na educação básica.
2.2. Filosofia, Tecnologias, Mídias e Ensino
A expansão das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), o uso social das mídias enquanto conteúdos, suportes e veículos tradicionais e digitais (TV, internet, rádio, podcasts, games, sistemas gerenciadores de conteúdo, jornais, revistas e materiais didáticos impressos e eletrônicos, etc.), tem gerado mudanças na forma de ensinar e aprender, além de diminuir fronteiras cognitivas, afetivas e físicas, criando espaços híbridos de conexões e compartilhamentos, estabelecendo redes de interações e relações inovadoras de aprendizagem, mas ao mesmo tempo potencializando crises e disfunções novas. O momento exige uma investigação teórico-prática que permita explorar os limites e possibilidades da tecnologia e das redes no contexto educacional, especialmente no Ensino de Filosofia, sem deixar de considerar uma análise crítica e o exercício de reflexão sobre tais mudanças e transformações. Quando consideramos os princípios formativos, as habilidades e competências descritas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Médio e a própria Filosofia como parte da grande área das Ciências Humanas, é possível perceber o desafio do professor em dialogar com as tecnologias digitais, devido principalmente à intensidade do seu uso pelos jovens estudantes, acompanhado de apelos consumistas, mercantis e simbólicos. Considerando que as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação por meio de suas aplicações, redes, conteúdos e práticas, alteram de maneira significativa as formas de interpretar o mundo, modificam de modo permanente práticas tradicionais de convivência, ampliam modelos tradicionais de aquisição de conhecimento e de participação política, além de ter um impacto efetivo nas relações sociais e educacionais, torna-se imperativo investigar o seu uso, incluindo, mas também superando, uma perspectiva meramente instrumental e funcional, através da descoberta das suas potencialidades e limites, reconfigurando saberes, práticas e vivências contemporâneas. Este projeto de pesquisa pretende investigar e possibilitar o diálogo interdisciplinar e transdisciplinar entre a filosofia, as tecnologias e suas redes, as mídias sociais e o ensino, através da pluralidade teórico-prática dos fundamentos, metodologias e experiências educacionais através das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC).
2.3. Artes e o Ensino de Filosofia
Este projeto visa investigar e estabelecer relações teórico-práticas entre a Filosofia e seu ensino, as diversas formas de expressões artísticas e literárias (teatro, música, cinema, literatura, poesia, arte sequencial, artes plásticas, etc.), seus diversos conteúdos, e suportes. Sob uma perspectiva teórico-filosófica, a pesquisa se concentra tanto na análise e os fundamentos filosóficos das artes, seus veículos e suportes, tradicionais e atuais, como no recurso didático-metodológico para o ensino e aprendizagem da Filosofia no Ensino Médio. Ainda pode englobar a análise estética, da comunicação, da linguagem e de uma reflexão crítica sobre as artes, as mídias e as redes sociais, com vistas à problematizar contextos e situações de ensino-aprendizagem em Filosofia, que possam permitir a criação artística e literária, da produção literária e filosófica em todas as suas expressões e suportes, a produção de material didático tradicional e digital, o desenvolvimento e a prospecção de metodologias inovadoras e sistematizadas, além de intervenções controladas em salas de aula de Filosofia, e que possam ser replicadas em diferentes contextos educacionais.
2.4. Leitura, Escrita e Letramento Filosófico
A discursividade é inerente à filosofia. Entre as várias modalidades da sua discursividade, destacam-se os textos que se fazem acompanhar de determinadas práticas de escrita e de leitura. Ensinar filosofia é, portanto, em alguma medida, criar oportunidade para ambas as práticas. As pesquisas reunidas neste projeto pretendem produzir, investigar e analisar possíveis mediações didáticas para essas práticas em sala de aula. Em linhas gerais, estas pesquisas vinculam-se historicamente ao legado dos PCNEM (Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio) que, para o caso específico da Filosofia, elegeram como as três principais competências a serem desenvolvidas pelo seu ensino: ler textos filosóficos de modo significativo; ler, de modo filosófico, textos de diferentes estruturas e registros; e elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo. Ler e escrever de modo significativo é justamente o que se espera daqueles que se apropriam da linguagem escrita de um modo muito mais sofisticado e complexo do que pelo simples domínio de um código (alfabetização). O “modo filosófico” de ler, em particular, pode ser, assim, compreendido como o meio de conferir significados ao simples ato de decodificação. As pesquisas tratarão da escrita e leitura de textos filosóficos e não-filosóficos, entre estes últimos, com ênfase nos textos literários nas suas diversas modalidades (romance, ensaio, poesia etc.), tomando-os como objetos de aprendizagem e como oportunidade para o desenvolvimento da capacidade de pensar reflexiva e autonomamente.
2.5. Ensino de Filosofia, Gênero, Feminismos e Decolonialidade
Esse projeto desenvolve, no horizonte do ensino de filosofia, investigações sobre variados e diferentes aspectos das relações que envolvem o gênero, os feminismos e a decolonialidade na vida social brasileira. Ele visa contribuir para a ampliação de referências para essas temáticas no campo da filosofia realizada no Brasil. Igualmente objetiva disponibilizar instrumentos que proporcionem que elas possam alcançar a sala de aula da educação básica, uma vez que esses temas e problemas também atravessam a educação básica. Nesse sentido, ele propõe albergar estudos, práticas educativas, tecnologias educacionais, enfim, contribuições para o ensino de filosofia que contemple a diversidade, a inclusão social, a educação antirracista, não sexista, feminista e decolonial.
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